O texto do meu contributo ao lançamento do livro (Lisboa, Turismo de Portugal, 11-9-23) é reproduzido a seguir. Sua gravação pode ser encontrada em: https://youtu.be/m-kFgMYl9L8
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Cara audiência,
Antes de mais, uma afetuosa saudação a todo o público, e um especial reconhecimento aos coautores deste trabalho -Professores Moutinho, Abranja e Rodrigues-, com quem muito aprendi. Também à editora Lidel por nos oferecer seus meios para a criação deste livro. Obrigado.
A seguir será apresentado um esboço de três dos tópicos nele discutidos.
1º.-O TURISMO PÓS COVID-19 (cap. 2)
Vou começar dizendo que, além do impacto da pandemia, as estratégias de destinos e empresas terão que ter em conta outros vetores fundamentais de mudança que, em conjunto com o legado da covid-19, convergirão para uma profunda reconfiguração da atividade turística. Especificamente, a revolução tecnológica, que se vai adaptando para responder, neste caso, aos desafios das mudanças climáticas e da economia circular.
A regra dos 3’S pode ser uma boa síntese desses fatores que terão que ser tidos em conta: “Smart” (inteligência competitiva com o apoio de tecnologias de vanguarda e a análise massiva de dados), Sustentabilidade (tendo como principal referência, sem esquecer sua dimensão social, a circularidade e, em geral, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU) e a Segurança (sanitária mas não só).
Como consequência dos fatores ja referidos, inevitavelmente surgirão novas experiências turísticas: as suas formas, conteúdos e modos de disfrutar das mesmas conduzirão a um panorama competitivo diferente, com novos recursos e capacidades que serão o centro da “arquitetura” de qualquer estratégica de sucesso.
Na era da máquina, as mudanças em QUEM faz os conteúdos, QUÉ tipo de conteúdo e, finalmente, ONDE experimentá-los serão definitivos.
Relativamente ao “quem”, os conteúdos serão cada vez mais influenciados pela junção da inteligência artificial e a inteligência coletiva.
As referências relativamente ao “quê”, os conteúdos complementam-se com a criação de um mundo de realidade virtual totalmente imersivo para, por exemplo, estimular o desejo de visitar um destino turístico.
Por fim, relativamente ao “onde” a experiência do turista já não tem porque estar associada a um determinado local “físico”, sendo que pode ser experimentada “aqui, ali e em todas as partes”.
Nesta dinâmica, os dados e a sua análise para reconhecer padrões de comportamento e melhorar as decisões operacionais, convertem-se em elementos absolutamente estratégicos, na medida em que os dados são a matéria prima que alimenta a aprendizagem automática dos algoritmos e que permite a personalização e otimização dos serviços.
Deixar nota, finalmente, que a pressão “verde” para uma maior sustentabilidade, não é a única sentida por parte das empresas. A esta, junta-se a pressão para se centrar nos novos padrões comportamentais do turista pós-pandemia, de investir na digitalização e automatização das mesmas, bem como a de terem de ser mais rápidas e flexíveis.
2º.-TURISMO CIRCULAR. A ECONOMIA CIRCULAR NA ATIVIDADE TURÍSTICA (cap. 3)
A transição para uma economia circular, orientada para a eliminação de resíduos, apresenta-se como um dos grandes vetores estratégicos deste século, ao qual o setor do turismo não está alheio. Garantir formas de consumo e produção sustentáveis é um dos ODSs, concretamente o número 12 , com o qual a economia circular pode-se vincular claramente, num cenário de mudança climática e busca pela sustentabilidade.
Dentro do paradigma da sustentabilidade, a economia circular é um modelo concebido para substituir a economia linear atual. O modelo circular defende a manutenção dos recursos e do seu valor na economia durante o maior tempo possível, evitando que estes se convertam em resíduos. Assim, o foco pode ser proactivo (evitando sua geração) ou reativo (orientado para a sua reciclagem). De facto, é frequentemente descrita como uma combinação de atividades de redução, reutilização, reciclagem e outros Rs, mais poucas vezes se refere que o seu desenvolvimento precisa de um foco e mudança sistémico.
No que diz respeito ao turismo, além de sua aplicação em áreas como a agua, a energia, os resíduos em geral e outras, é importante referir que o desperdício alimentar é uma preocupação destacada pela União Europeia, sendo que este assunto é considerado como prioritário para o seu plano de ação de economia circular. Apenas deixar nota que os resíduos alimentares podem representar mais de 50% dos desperdícios do setor hoteleiro.
Também Portugal tem entre os seus objetivos estimular a economia circular no turismo, fundamentalmente através da investigação, inovação e educação. Importa ainda referir que, no “Plano de Ação para a Economia Circular“, o Turismo é considerado um setor chave.
Em suma, o futuro de turismo será circular ou poderá estar em risco, tendo que caminhar rumo ao resíduo zero em aterros e tornar-se neutro em emissões de carbono. E para isso, mais do que cada empresa ou destino possa fazer individualmente, é imprescindível uma visão integrada do setor e de suas interrelações com outros setores, que façam possível a articulação e a criação de uma simbiose industrial.
3º.-ESTRATÉGIAS E NOVOS MODELOS DE NEGÓCIO (cap. 9)
O futuro do turismo (das estratégias das empresas e dos seus modelos de negócio) está ligado aos novos paradigmas que estão a surgir, mas a procura da novidade nem sempre significa abandonar o que já existía, mas sim melhorar ou saber utilizá-lo em consonância com as circunstâncias de cada momento histórico, que atualmente é marcado por uma série de vetores, como:
*A economía de partilhar (desde um carro até uma casa).
*A economía colaborativa (com fenómenos como o coworking, coliving e cohousing).
*A economía circular (já referida).
*A economía aberta (inovação aberta, co-criação…).
*Os modelos de negócio one-for-one: a economia personalizada (como o P2P ou B2B).
*A economia Do it Yourself (ou faz tu mesmo).
*A geração GO, uma geração digital que espera que tudo esteja à distancia de um clique.
A chave está, por um lado, no próprio turista pós covid-19, na compreensão dos seus novos padrões de comportamento, mas também no ambiente institucional (nas pressões coercitivas, normativas e miméticas a que estão sujeitas as empresas do setor), bem como na forma como eles reagem (de acordo com a sua cultura organizacional, reativa ou pró-ativa) a um ambiente não só VUCA, mas, com uma designação mais recente, BANI (isto é caracterizado pela sua Fragilidade, Ansiedade, Não linearidade, e Incompreensibilidade).
E por outro lado, a chave está na nossa capacidade de aprendizagem das lições derivadas da pandemia, que também são abordadas, embora este não seja o momento para as detalhar.
Neste contexto, são estudados, na sua aplicação ao turismo, os varios modelos para estão a dominar a década, nomeadamente os modelos de negócio da “crowd economy”, da “data economy”, da “smartness economy”, da economía circular, das Organizaçóes Autonomas Descentralizadas, dos multiplos mundos (físico e virtual), e da economía da transformação (como evolução da “economía da experiência”).
Deixo aquí este resumo para respeitar o tempo que foi indicado.
Muito obrigado pela sua atenção.
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